quinta-feira, 21 de junho de 2007

Escape...



As Aves

Deixa-me suspender o braço
ao luar
Sentir que posso pairar
Acima dos turbilhões
da guerra

Deixa-me sentir as aves
a pairar
Negras por entre brumas
Aquáticas emergindo
com plumas

Sinto-as esvoaçar
Frias p'ra me levar
no ar
Sinto que adormeço
Rangem, abrem-se as portas
do universo

Vibram, tocam metais
Garras na minha pele
Tudo para enfeitar
Este meu verso

(Imagem: Calamity of Touch de Linda Bergkvist)

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Humor (Negro)



"O Corvo" interpretado pelos Simpsons!

terça-feira, 5 de junho de 2007

sábado, 2 de junho de 2007

Poe



" A desdita é variada. O infortúnio corre multiforme pela terra. Desdobrando-se sobre o amplo horizonte como o arco-íris, as suas cores são tão variadas como as deste, e também tão diferentes e tão intimamente unidas. Desdobrando-se sobre o amplo horizonte como o arco-íris! Como é que da beleza derivou um tipo de fealdade; da aliança e da paz, um simulacro da dor? Como na ética o mal é consequência do bem, na realidade da alegria nasce a tristeza. Ou a memória da felicidade passada é a angústia de hoje, ou as agonias que existem têm origem nos êxtases que podiam ter sido."
in Berenice, Edgar Allan Poe

Poe (1809-1849) teve uma vida muito infeliz. É considerado um dos maiores escritores do misterioso e do sobrenatural. Tenho, por ele, grande admiração.

Que há em ti, intuitivo escritor que me engrandeces
Pela alma forte que incendeias
Que há em ti? Força e magnetismo
Que em palavras rondas e rodeias
O coração fantasma de outras eras
Vagueando errante,
Ora perto, ora distante
Ainda hoje sentado, tremendo esperas
Voltar a ser tudo o que eras,
À negra sombra geométrica
Da árvore milenar, hoje mais hermética
Que ontem, no passado feito fumo,
Nos deu
O fruto que interdito nos perdeu
E em negro assim vestiu o nosso rumo

As folhas negras de uma árvore cor de sangue
Tombam em pétalas no meu corpo exangue
Pois quando a noite cai, a alma voa
Até que a luz do sol, sentir reclame...

E assim, poeta, o espírito engrandeces...
E assim, aqui, em mim, jamais pereces!

Sibila, em homenagem a Edgar Allan Poe